Monarquia de Canudos não era ameaça à República
“Espantalho monárquico no final do século passado, Canudos esqueceu por completo o velho regime, transformando-se num reduto republicano às vésperas do plebiscito de 21 de abril, com esmagadora preferência pelo presidencialismo. Antônio Conselheiro conseguiu transmitir aos seguidores suas convicções monarquistas, na linha condenada pela própria Igreja, do direito divino dos reis, e chegaram a ser apontados como uma ameaça à República”. Começa, assim, o jornalista Clementino Heitor de Carvalho sua reportagem sobre as preferências do eleitorado de Canudos, manifestadas dias antes da realização do plebiscito sobre forma e sistema de governo, que lhe valeu o prêmio interno da Redação de A TARDE como a melhor reportagem de abril.
“Comprovamos aberta tendência para o presidencialismo e para a República entre toda as pessoas ouvidas, não importando idade, sexo ou condição social, excetuando poucos jovens que se manifestaram pelo parlamentarismo republicano” – revela o jornalista, que produz um resumo da história de Canudos, mas teve a sensibilidade de consignar a opinião do presidente da Associação de Estudos e Pesquisas Antônio Conselheiro, Aroldo Costa dos Santos, que pretende “estudar e pesquisar a verdadeira história de Antônio Conselheiro e de Canudos, desde 1893, até os dias de hoje, nos aspectos histórico, político, cultural, sócio-econômico e biológico”.
Sobre a manifesta opção republicana do povo de Canudos, nos dias atuais, a reportagem não deixou dúvida: “O monarquismo do fundador do Arraial de Canudos nunca foi posto em dúvida, mas vozes autorizadas, como a de Ruy Barbosa e Cesar Zama, dentre outras, deixaram sempre bem claro que ele (Antônio Conselheiro) jamais tentou contra o governo da República”.
Clementino Heitor de Carvalho entrou no jornalismo em 1959, depois de licenciar-se em Letras Neolatinas, pela Faculdade de Educação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A sua vida profissional começou no Jornal da Bahia. No Diário de Notícias, exerceu , dentre outras, as funções de chefe de reportagem, redator-chefe e editorialista. Trabalhou nos departamentos de jornalismo das rádios Cruzeiro e Excélsior e na Rádio Sociedade, foi o criador e redator do programa A Voz dos Municípios. Foi editor político de A TARDE e, agora, é o nosso correspondente em Paulo Afonso, atuando em diversos outros municípios do Nordeste da Bahia.
A Crônica de Minha Aldeia
Na próxima postagem, este blog reproduzira o texto da reportagem premiada Canudos (quem diria?) Já esqueceu a monarquia, que fará parte do livro “A Crônica de Minha Aldeia”.
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