
Sem esse dom, nós, pobres mortais da escrita jornalística, temos de ser um pouco dançarinos, sobretudo quando se trata de texto quinzenal. Se, num dia, as informações se avolumam em ritmo estonteante, o que dizer de duas semanas, ainda mais em um país presidido por quem se diz uma metamorfose ambulante?
Mas este artigo foi imaginado para responder a duas perguntas. O interior do atraso explícito, encarnado em cada pequeno município, é uma miniatura do Brasil, encarnado no Planalto, ou o Planalto é sua projeção? Outra: Que resultado se pode esperar das eleições deste ano, com a campanha, na qual está embutida a de 2010, e feita sala de aula para a pedagogia da permissividade, usada como apostila a cartilha das absolvições de corruptos?
Simbiose entre o centro do poder e os grotões
Quanto à primeira indagação, digamos que há uma simbiose entre o centro do poder e os grotões conquistados pelos batalhões do assistencialismo. Quanto à segunda, a resposta é outra indagação, acrescida de esperança, a médio e longo prazo, nos resultados de iniciativas como A TARDE Educação e o Prêmio Vivaleitura, este integrado ao Plano Nacional do Livro e Leitura. Somos um país de milhões de eleitores, majoritariamente representados pela massa de analfabetos funcionais, e de reduzidíssimo número de leitores. Até pouco tempo, havia mais livrarias na cidade de Buenos Aires do que em todo o Brasil.
O programa deste jornal visa à formação de leitores críticos, através de mergulho no mundo de informações. Tenta assim consolidar, em escolas baianas uma nova forma de aprendizagem, tendo como instrumento facilitador o jornal impresso. O Vivaleitura objetiva o incentivo ao habito de ler e é uma iniciativa dos Ministérios da Educação e da Cultura e da Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura. O patrocínio é da Fundação Santillana. Também neste particular, os sinais emitidos de Brasília são negativos. O senador Mão Santa (PMDB-PI) repete sempre em plenário a confissão de Lula: basta ler uma página de livro para sentir canseira...
Os eleitores só exercerão bem o direito de voto quando forem também leitores e portanto bem informados e assim capazes de avaliar o desempenho dos seus candidatos nos executivos e legislativos. Imunes à pirotecnia marqueteira que esconde a fragilidade dos clientes ou lhes atribui virtudes inexistentes e é bem explicativa de índices de popularidade.
Conjugada com a imprensa, formadora de opinião pública, a sociedade ledora pode exercer o papel de preservar e fortalecer as instituições democráticas e de assegurar a soberania nacional diante de ameaças hoje bem visíveis para quem sabe ler nas linhas e entrelinhas.
E como cairia bem a “graça dançarina” de Machado de Assis, ou de um seu discípulo, para discorrer sobre o terceiro mandato, o dossiê anti-FHC e os cartões corporativos, a farra das ONG’s, a movimentação militar por conta da política indigenista oficial, as divergências públicas de Lula e Amorim sobre renegociar ou não o tratado de Itaipu, as incertezas criadas pelo novo mapa político da América do Sul, as desventuras dos aposentados, as hostilidades contra o direito de propriedade, o cheque em branco do imposto sindical para entidades sindicais, a escalada dos preços do petróleo e dos alimentos, a insegurança pública, a dengue comandando o cortejo das doenças que retornam ao cotidiano brasileiro do sistema falido de saúde, sem esquecer a educação de má qualidade.
O governo dança na boda da filha da mãe do PAC
Tudo isso enquanto o governo dança na boda da filha da mãe do PAC, em Porto Alegre, onde Lula, espécie de “nouveau riche” do poder, foi vaiado na porta da igreja, e faz comício para Dilma Rousseff, a ex-guerrilheira pré-candidata do PT, em Belo Horizonte. Como se estivéssemos no melhor dos mundos possíveis, da série “nunca dantes na história...”
Segundo o jornal Zero Hora, nunca um casamento reuniu tantos figurões como o que ocorreu na Associação Leopoldina Juvenil, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
O presidente Lula, oito ministros e sete governadores passaram por Porto Alegre, sábado, para a boda da filha da ministra Dilma Rousseff, Paula, com o administrador de empresas Rafael Covolo.
O presidente chegou por volta das 20h e participou apenas da cerimônia religiosa, na Igreja São José.
Parte dos convidados aderiu à dança, como foi o caso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que bailou até a madrugada (Postado por Vivian Eichler).
Serra teme crise econômica pós-Lula

O tucano considera que essa crise poderá explodir ainda no mandato de Lula, mas pensa que o mais provável é que ela aconteça no governo do sucessor do petista. Ou seja, vire uma herança negativa de Lula.
Como o tucano lidera hoje todas as pesquisas sobre a sucessão presidencial, é humano ele temer que a eventual bomba venha a explodir no seu colo.
Esse temor explica a dura crítica que Serra fez na quinta-feira (17/04) à recente decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,25% para 11,75% ao ano. Serra acha que a subida de 0,5 ponto percentual, que surpreendeu o mercado, tende a valorizar o real ainda mais em relação ao dólar.
O efeito dessa rigorosa política monetária, acredita o tucano, será fragilizar setores exportadores e gerar um buraco nas contas de nosso comércio exterior.
Mais: a decisão vai encarecer o custo de rolagem da dívida pública brasileira. Com juros mais altos, o tesouro terá de desembolsar ainda mais para pagar seus credores.
Na avaliação do tucano, a política do Banco Central poderá matar ou desidratar o atual ciclo de crescimento da economia na casa dos 5% ao ano.
Algumas frases de Serra sobre a decisão do BC:
"O aumento dos juros tende a agravar a situação da conta corrente, no balanço de pagamentos, porque valoriza ainda mais o real em relação ao dólar, o que encarece as exportações e barateia as importações."
"Haverá uma marcha negativa para a nossa economia no futuro."
"Quando estamos na administração pública, devemos ter uma espécie de estrabismo no seguinte sentido: um olho no presente e outro no futuro. Não dá só para olhar o presente."
"[Os juros mais altos] vão encarecer ainda mais o serviço da dívida pública." (Folha Online, 20/4/2008).
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