segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O grito da vida no chão da Chesf

HNAS sob ameaça de estadualização

O Hospital Nair Alves de Souza, em Paulo Afonso, é um problema que resiste ao tempo e tem a ver com a saúde pública em municípios da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe localizados no entorno das usinas da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, sua gestora. O marco foi a decisão da Chesf de retrair-se no custeio dessa unidade hospitalar com demanda regional e interestadual, embora sediada na Bahia.

E aí está o xis da questão. Apesar de visível geograficamente, há quem não o enxergue ou finja não enxergá-lo, para sua decifração. O deputado estadual Luiz de Deus (DEM-BA) chegou mais perto, ou estaria mais quente, como se diria na brincadeira de esconde-esconde, tão apreciada pelas crianças.

Os desafios da saúde na Bahia

Preocupado com “a possibilidade de estadualização” do HNAS, ele não disfarça o temor da “queda de qualidade na prestação de serviços”, se vier a ser administrado pela Secretaria de Saúde do Estado. Esta às voltas com desafios que se estendem pelas diversas regiões de uma Bahia assolada pela dengue, sob escolta da meningite, e ameaça crescente da gripe suína, para resumir. Mas sem esquecer as precariedades da rede hospitalar estadual, que precisam ser superadas, o que já não é fácil nas suas dimensões atuais, quanto mais se aumentadas.

Altos e baixos

Médico, Luiz de Deus foi, por muitos anos, diretor do Nair Alves de Souza. Convencido de que a “estadualização não dará certo”, defende sua federalização. E vai direto ao assunto: “Seria uma irresponsabilidade a Sesab querer assumir um hospital que não é do Estado”. Para esclarecer o leitor, repito informação do parlamentar dando conta de que dispõe de 200 leitos, funciona há 60 anos e, sendo de fronteira, “tem uma maternidade que só se iguala à de Ilhéus”. Com perfil de urgência e emergência, atende, em fases de altos e baixos, como clínica geral, obstetrícia, ortopedia e cirurgia geral, mas continua sem Unidade de Terapia Intensiva.


A demanda não atendida

A incapacidade de absorver o volume de procura por pacientes oriundos de municípios da área de influência da Chesf, sobretudo no lado baiano, como Santa Brígida, Pedro Alexandre, Coronel João Sá, por exemplo, repercute negativamente na rede hospitalar de outras cidades de grande porte, até o caso extremo de Aracaju com a sobrecarga problemática do João Alves Filho.

A hora da integração

Faço um acréscimo, que é insistência permanente, repetindo, no contexto da saúde pública, que essa federalização poderá concretizar-se pela via de lei complementar, prevista na Constituição de 1988, criando a Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Submédio e Baixo São Francisco, com seus pólos em Paulo Afonso (BA), Delmiro Gouveia (AL), Petrolândia (PE) e Canindé do São Francisco (SE). Através de um processo deflagrado pela Chesf, a maior interessada numa solução para o hospital, e pela Sudene, recentemente recriada, que poderão reproduzir, com definitiva institucionalização, nessa Raide, o Fórum para o Desenvolvimento Regional, iniciativa da Companhia, com apoio da Sudene, Banco do Nordeste, Codevasf, nos anos 90.

O mesmo período em que “a situação precária da BR-110 (trecho Ribeira do Pombal – Paulo Afonso)”, agravada pelo registro de dezenas de mortes na Baboseira, provocou a manifestação “O Grito da Vida na Curva da Morte”, mobilizando a comunidade regional, e a instauração de inquérito, pelo então promotor de Justiça Cristiano Chaves de Farias, “para esclarecer e apurar a responsabilidade civil” do abandono da rodovia.

A curva da convergência

Outro grito, até coincidindo com mais um recomeço das obras de recuperação dessa BR emblemática do descaso governamental com o Nordeste baiano, tem de chegar uníssono às instâncias dos governos federal e dos quatro estados. Outro grito da vida, não na curva da morte, mas em outra, também da vida, a da convergência de todos, acima de partidos e ideologias, para a articulação integrada de ações na saúde pública, a partir do Hospital Nair Alves de Souza.

A articulação que une

Uma articulação que deverá se estender por todos os setores da Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento, que será o atestado de maioridade cidadã das populações do Submédio e Baixo São Francisco, rio que, sendo da unidade nacional, não pode ser da desunião regional (Leia no jornal A Tarde).

3 comentários:

Ciancony disse...

Sem ideologia, demagogia ou "ciumes oposiocionistas" que, muito está em voga diante deste tema, vale a pena lembrar que, como quase tudo em Paulo Afonso, o Hospital onde eu nasci e tive o prazer de trabalhar por alguns anos, ainda é o que melhor existe na cidade, pelo simples fato de não esta tão a mercê destes que hoje o defende, e um dia condenaram.

Anônimo disse...

O amigo jornalista demostra nesta reportagem que não conheçe o passado da estoria,que o luiz de deus queria organizar uma assossiaçao só de familiares, para implantar no hospital,para eles mesmos tomarem a direção, hoje vem com outra conversa.

Anônimo disse...

esta é uma prova inconteste de que o nobre jornalista desconhece totalmente a verdadeira estória deste hospital.
1-Luiz de deus como diretor do hospital usava as dependências para fazer política, e cobrar consultas particulares tudo pago pela chesf.2- criou uma associação para administrar o hospital de parentes e amigos, na epoca abortado com a intervenção do Bispo Mario Zaneta e algumas lideranças.3-no governo Paulo Souto queria estatizar o hospital porque o governador era seu amigo, e agora quer federalizar. Queremos saber que posição o Luiz de deus está.Nós queremos que funcione sem intervenção politiqueira para servir a toda a região,que seja criada uma fundação seria com a participação do ministério da saúde, chesf, governo da Bahia.para dar uma saúde digna a todos da região