quinta-feira, 2 de abril de 2009

Valorização das pessoas e dos seus cotidianos

Para número crescente de pensadores não é mais a igualdade o objetivo do que apresentam como a nova esquerda. O que importa agora é a promoção das pessoas comuns e dos seus cotidianos. O risco dessa corrente de idéias ainda não suficientemente desenhada está na vizinhança com o pobrismo, seus seguidores acreditando na barriga cheia pelo café da manhã, almoço e janta como o paraíso. Trata-se de versão suína da existência humana no reducionismo de três rações diárias como ideal de vida.

O riquismo, por sua vez, seria o oposto, correspondendo ao mal, punido com o inferno: “É mais fácil o camelo passar pelo buraco de uma agulha do que o rico ir ao céu”. Dito bíblico que foi a semente da pobreza nos países católicos como o calvinismo, a semente da prosperidade entre os anglo-saxões. Em vez de condenar o rico, Calvino o apontou como um predestinado; a sua fortuna, como sinal da eterna salvação. Sobre a fé religiosa, as bases sociais da riqueza coletiva, criada na terra e abençoada no céu. Nada a ver, portanto, com a teoria dos “louros de olhos azuis” do etnólogo de Caetes, revivendo Arthur de Gobineau, um pouco às avessas.

Desçamos dessas alturas e pousemos no chão do semi-árido nordestino, a propósito das integrações superpostas a serem operadas pelo Território da Cidadania de Itaparica, pelo Pacto do Baixo São Francisco e pelas Regiões Administrativas Integradas de Desenvolvimento, uma já criada, a dos Pólos de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) e outra, a ser criada, também por Lei Complementar, dos Pólos de Paulo Afonso (BA), Petrolândia (PE), Piranhas (AL) e Canindé do São Francisco (SE), que adensaria o Território e incorporaria o pacto Alagoas/Sergipe, firmado pelos governadores Teotônio Vilela e Marcelo Déda.

Para reconhecer que o engrandecimento das pessoas comuns, para o exercício da cidadania, e a conseqüente intensificação de sua vida cotidiana são metas alcançáveis através desta articulação integrada e não podem ser monopólio de uma esquerda, ainda que nova, e sim o denominador comum de ações, acima de ideologias e siglas partidárias, nos três níveis da Federação, compartilhadas, na formulação e na execução, por toda a sociedade civil, no âmbito dos quatro Estados (Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe).

E tendo como eixos operacionais a Chesf, a Sudene, a Codevasf, o Sebrae, e até o Instituto Xingó, se a diretoria recém-empossada conseguir restituí-lo à sua tarefa original de matriz tecnológica do Nordeste seco, a partir dos 29 municípios situados entre as usinas de Itaparica, Paulo Afonso e Xingó, sempre com a parceria das universidades federais e estaduais da região. Só resta agora definir as prioridades para essa articulação integrada entre o Submédio e Baixo São Francisco (Leia no jornal A Tarde).

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