2009 já me deu uma alegria. Por conta de uma noticia, publicada no Jornal do Commercio, edição de 2 de janeiro, com o titulo “Petrolina/Lossio defende gestão integrada no São Francisco”. O texto é da jornalista Roseane Albuquerque e se abre com resumo dando conta de que “novo prefeito prega a união dos municípios para assegurar ações federais, defende as parcerias e convoca população para discutir políticas públicas”.
Transcrevo a seguir o primeiro parágrafo:
“Petrolina – O novo prefeito deste município do Sertão, o médico Júlio Lossio (PMBD), reforçou ontem, ao tomar posse, a importância da integração dos municípios do Vale do São Francisco, incluindo os do lado baiano, para viabilizar propostas junto ao governo federal. Lossio citou como suas prioridades a revitalização do Rio São Francisco, a viabilização do Canal do Sertão e a consolidação do aeroporto – indústria de Petrolina. E convocou a população para participar do processo de consolidação das novas políticas públicas na cidade.”
Palavra chave
Considero integração uma palavra chave para o século XXI, embora o seu sentido seja inerente aos anseios mais fortes e naturais da humanidade. Foi o desejo de incorporar, integrar partes ainda desconhecidas do planeta Terra que levou os portugueses aos desafios dos “mares nunca dantes navegados”, que Camões cantou nos Lusíadas e ao descobrimento do Brasil.
Trata-se de um tema que venho tratando, há mais de vinte anos. Primeiro, no contexto da Bahia e das suas porções de território desvinculadas do Estado que tem como capital Salvador, mais do Recôncavo do que do restante, invariavelmente absorvido pela influência dos estados vizinhos. Uma espécie de integração para fora estimulada pela desintegração de dentro.
Lá e Cá
Unindo o útil ao agradável, e por força de afazeres compulsórios não jornalísticos, irei postando este blog, que batizei, propositadamente de Integração, textos sobre o assunto, mais concretamente vinculados à proposta de criação, por Lei Complementar, da Região Administrativa Integrada do Submédio e Baixo São Francisco. Uma repetição, cá embaixo do rio, do que foi feito em cima, a partir dos pólos de Juazeiro e Petrolina, através dos seus coirmãos Paulo Afonso (BA), Petrolândia (PE), Piranhas (AL) e Canindé do São Francisco (SE). Trata-se de um arranjo dependente, é claro, do debate preliminar sobre esta Ride sugerida, que pode fazer prevalecerem outros pólos.
O Secretariado de Anilton e
a integração de municípios.
Anildon e o vice em ação
Considero-me com autoridade para opinar, como jornalista, sobre Paulo Afonso e a microrregião do Rio São Francisco em que está inserida. O que, à primeira vista poderá parecer arrogância ou algo do gênero, se tornará compreensível e justificável pela dedicação com que me entreguei ao trabalho de representante e correspondente do jornal A Tarde. Por mais de vinte anos, ouvi pessoas e estudei os problemas deste espaço geoeconômico moldado pela Chesf, em busca da matéria prima para os meus artigos e reportagens. No livro “A Crônica de Minha Aldeia”, que lançarei no próximo ano, dou conta de tudo isso.
Como sempre foi do meu feitio, nunca misturei jornalismo com interesse pessoal, jamais trocando o meu trabalho por função pública ou qualquer outro tipo de compensação. Rejeitei vários convites para ocupar postos. Inclusive o mais honroso deles, partido do então prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães, em 1967, para que eu escolhesse o cargo que preferisse em sua administração. Assim me comportei, e disso me orgulho, durante toda a minha fase, longa, de mais de 50 anos, de ativismo jornalístico. O meu patrimônio é este. O resto é o resto.
Vitrine de ética
Após esta introdução despretensiosa, farei o primeiro comentário sobre o governo recém começado do prefeito Anilton Bastos, que tem tudo para fazer de Paulo Afonso, após o quatriênio de mediocridade e mesquinharia felizmente encerrado, uma vitrine de boa gestão e ética a ser exibida para todo o país.
Antes, tenho um pedido para fazer ao prefeito, extensivo a toda sua equipe. Quando, em busca de informação, eventualmente procurar, direta ou indiretamente, o próprio chefe do Executivo ou um dos seus secretários: o mesmo tratamento de respeito e ética profissional que invariavelmente lhes dispensarei. Jamais o subterfúgio do “não está”, “acabou de sair”, não raro transmitido em voz audível para quem se encontra do outro lado. Porque, para esse tipo de molecagem, o meu troco é o desprezo por uma vida inteira. Antes, era o desaforo imediato, com palavrões aprendidos em Aracaju.
E vamos ao que interessa.
O que falta
O Secretariado de Anilton Bastos, ele próprio marcado pela excepcionalidade do seu carisma, pode ser comparado a um time de futebol com bons jogadores. Mas sem o craque que, na hora do vamos ver, pega a bola, a coloca debaixo do braço, vizinha ao sovaco, e parte para a reação que muda o jogo para o gol e para a vitória. O êxito de um time, perdão, de um governo municipal, não pode depender só do prefeito. É verdade que o amor à camisa pode levar à superação. Mas, para que tanto esforço, se o resultado ótimo pode ser facilitado por um camisa 10 que, apesar de bem perto, está esquecido ou não enxergado.
Antes de identificar o camisa 10 para a seleção de Anilton, falarei de Luiz de Deus, ex-prefeito e deputado estadual. Graças ao seu espírito natural de liderança, formou um grupo que, como todo ajuntamento político que se respeita, tem o núcleo duro das fidelidades pessoais e o padrão do comportamento que é a sua marca. Foi essa conjugação de fatores que permitiu a sucessão êxitosa das administrações Luiz de Deus, a primeira, dando régua e compasso à Prefeitura de Paulo Afonso; a que se seguiu, de Anilton Bastos, já beneficiária da reestruturação financeira viabilizadora de grande volume de obras; e as duas, de Paulo de Deus, ao longo de sete anos e três meses, a última completada pelo vice Wilson Pereira, seu secretário de Obras, candidato a prefeito em 2004, derrotado por Raimundo Caíres.
O camisa 10
Acho que o camisa 10 de Anilton poderia ser Paulo de Deus (foto), a junção do carisma e sensibilidade política de um com a formação mais técnica do outro, de executivo que governou Paulo Afonso como se fosse uma empresa, sendo ele o gerente e seus secretários, os técnicos. Como centroavante, numa secretaria especial de articulação com outros municípios, incluídos os de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, abrindo caminho para a Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento. E articulação também com outras instâncias do poder político, no plano federal, na tarefa de formulação de projetos especiais de desenvolvimento e de entrosamento com a iniciativa privada, em busca de investimentos
O assunto voltará a ser tratado na próxima postagem, juntamente com apreciações críticas sobre as particularidades e resultados das ações de Paulo de Deus.
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