terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Coincidências, Freud e dinossauros



Em artigo publicado em A Tarde – “A liderança regional de Paulo Afonso” – registrei que minha chegada a esta cidade , em 1989, a serviço do jornal, coincidiu em com o inicio da gestão Luiz de Deus na Prefeitura, encontrada em completo descrédito, como pude testemunhar e divulgar.

Também dei conta de ter acompanhado, no estrito papel de jornalista, as administrações que se seguiram, de Anilton Bastos e Paulo de Deus. E admiti outra coincidência, a de “minha saída de Paulo Afonso quando volta ao poder o mesmo agrupamento político que aqui encontrei”.

Deixei claro que “não é o momento de analisar o desempenho dos prefeitos Luiz de Deus, Anilton Bastos e Paulo de Deus”. Mas não hesitei em ”reconhecer que, ao longo dos seus governos, registrou-se mudança radical na face urbana e rural do município”.

E adiantei que, no livro a ser lançado em 2010, dedicarei ao tema, no contexto local e regional, capítulo especial, já incluindo a primeira metade do segundo mandato de Anilton. Estudo a possibilidade de transformar este capítulo em publicação que antecederá “A Crônica de Minha Aldeia”, a ser lançada no fim deste ano ou no começo de 2010, ficando a obra propriamente dita para o segundo semestre do próximo ano.

Por outro lado, decidi proceder a uma analise crítica das gestões Paulo de Deus, até como reforço à ideia de que o governo Anilton Bastos deve superar a herança maldita de Raimundo Caíres, retomando estilo, estratégias e metas daquele período, sob medida para a conjuntura difícil do momento.

Tão logo foi anunciado o Secretariado do atual prefeito, fiz comentário – genérico – sobre a equipe formada. Usei metáfora futebolística para compará-la com time de (alguns) bons jogadores. Mas sem o craque, aquele que, na hora H, decide o jogo. Sugeri para esse papel, como camisa 10, o ex-prefeito Paulo de Deus.

De longe, o mais preparado do grupo que retomou o poder. Como Administrador de formação técnica, testado pela experiência, visão empreendedora, bem dotado como empresário privado e homem público, combinação incomum entre nós.

Fala-se que existem problemas de relacionamento do ex-prefeito com aliados até bem próximos, mas acho que a gestão de Anilton Bastos, superando impasses secundários, só teria a ganhar com a inclusão de Paulo de Deus na sua equipe. E alinhavei sugestões sobre as tarefas que lhe caberiam.

Considero mesmo que o governo Anilton Bastos e, por extensão, o grupo Luiz de Deus, não pode se dar ao luxo de abrir mão de sua maior estrela como gestor. Ainda mais no cenário já desenhado de dificuldades, com o DEM na oposição aos governos Jaques Wagner e Luiz Inácio da Silva, e tendo de administrar a Prefeitura de Paulo Afonso sob os efeitos somados da crise econômica e da política de terra arrasada praticada nos quatro anos de desgoverno do ex-prefeito Raimundo Caires.

Moleque Beijoca

Em tempo. Enquanto o artigo “A liderança regional de Paulo Afonso” gerou manifestações agradecidas da grei democrática local, personagem a que dei o cognome de Moleque Beijoca, sem ofensa aos moleques por destino, reagiu de cara amarrada, num encontro casual comigo, ao meu texto. Nem as viúvas de Caires tiveram essa reação.

Freud explica? É provável que sim.


Sobre dinossauros


Como cidade, Paulo Afonso mal atravessou meio século. Mas já conta com pequena legião de dinossauros mentais: até jovens, na idade do corpo, mas senis de espírito, ou do que a isso se assemelhe. Seus ancestrais sobreviviam comendo carne putrefata, a boquinha da idade da pedra lascada. Eles sobrevivem com outro tipo de boquinhas, as que lhe rendem sinecuras, nos gabinetes poluídos por sua falta de caráter; ou os honorários, nos escritórios usados para lesar a clientela desprevenida.

E, como eles se olham muito nos espelhos, vêem a própria imagem reproduzida, e enxergam dinossauros por toda parte disputando suas boquinhas e arranjos produtivos, sobretudo quando aquelas e estes são consumados na undécima hora.

Assunto para ficção – conto, romance, novela – e/ou para página policial que, espremida, dela espirra sangue.

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