A dois meses da posse do prefeito eleito Anilton Bastos (DEM), está aberto o debate sobre a futura administração municipal de Paulo Afonso. Nota-se uma clara tendência favorável a renovação de quadros. Dessa tendência não escapam nomes das gestões do próprio Anilton Bastos e dos ex-prefeitos Luiz de Deus e Paulo de Deus. A sociedade deseja que sejam aproveitados administradores novos e de perfil empreendedor.
Mas o que sobressai também nas conversas sobre quem vai participar do governo Anilton Bastos é a preocupação com a necessidade de Paulo Afonso (re)conquistar a liderança regional que aumente o peso político do município. Admite-se que o prefeito eleito em 5 de outubro reúne condições para conduzir o processo de (re)valorização deste pólo de influência no espaço compreendido entre as usinas de Itaparica, Paulo Afonso e Xingó.
Considero oportuno relembrar alguns episódios do passado recente e capazes de servir de lição para os dias atuais. Começo por relembrar o protesto contra o descaso do Governo Federal para com a BR-110. Sobre o assunto, escrevi para a revista Magazine (março 2000) o comentário que se segue, publicado como editorial.
“A força da cidadania
“O Grito da Vida na Curva da Morte” foi uma manifestação que transcendeu o próprio objetivo do protesto contra o descaso do Governo Federal para com a BR- 110, principalmente no trecho entre Paulo Afonso e Ribeira do Pombal. E se transformou numa demonstração de maturidade da cidadania, revelando o potencial das ações apoiadas pela coletividade, numa região discriminada pelas administrações estaduais. Por isso, mais até do que os resultados imediatos - as obras de recuperação da rodovia - devem ser ressaltadas as conseqüências do movimento, com seu efeito multiplicador do peso político do município de Paulo Afonso e da região sob sua influência.
A continuidade necessária
Sob este aspecto, se é indispensável a cobrança de tudo o que o Ministério dos Transportes prometeu fazer na ligação rodoviária de Paulo Afonso com Salvador, por recomendação do presidente Fernando Henrique Cardoso, ao atender as reivindicações contidas na Carta de Pauto Afonso, as lideranças responsáveis pela mobilização popular do dia 25 de novembro estão no dever de dar continuidade ao movimento, que pode ser um divisor de águas entre o conformismo do passado e o ativismo cidadão do presente. Tão bem revelado no bloqueio de uma estrada importante na logística do transporte de mercadorias e passageiros e descuidada pela administração federal.
Fim ao isolamento
Assinale-se que a normalização do tráfego de veículos na BR- 110, por si só, eliminará uma das modalidades de tratamento discriminatório, o isolamento imposto pela precária infra-estrutura viária, que inviabiliza a atração de investimentos e de turistas. Afastado este entrave, colocado como uma pedra no caminho de Paulo Afonso, urge retomar a mobilização da comunidade regional, a fim de pressionar os governos da União e do Estado a criar mecanismos incentivadores, capazes de trazer para este município empreendimentos industriais, agro-industriais e de serviços. Isto não será possível sem mudanças no Probahia que introduzam um diferencial realmente facilitador da interiorização do desenvolvimento no rumo do Nordeste baiano.
A competividade prejudicada
Apesar de sua posição geográfica, como porta de entrada para os estados do Nordeste, e dos seus recursos hídricos e energéticos, a que se somam as belezas naturais, no cenário de uma paisagem privilegiada, Paulo Afonso não pode competir com os municípios da Região Metropolitana de Salvador, do Recôncavo ou do Sul, onde vão se concentrando as indústrias e se consolidando desigualdades que repetem, no âmbito da Bahia, as que separam o Nordeste brasileiro do Sul e Sudeste do pais. A vinda da maior montadora da Ford para a Bahia foi o maior, dentre outros exemplos, de que o nosso Estado, liderando o esforço compartilhado pelas demais unidades federativas de região, para diminuir as distâncias que nos separam do Sul e Sudeste desenvolvidos, está obtendo vitórias contra o Rio Grande e até contra São Paulo. O Ceará e Pernambuco contribuem também para a criação de novos pólos econômicos, tendência que se generaliza por toda a região. Pela força de sua cidadania, Paulo Afonso poderá demonstrar o mesmo dinamismo, assumindo no Nordeste baiano o papel que a Bahia assumiu no Nordeste brasileiro. Através do caminho desobstruído da BR-110, e de um programa de desenvolvimento que seja realmente PROBAHIA, de toda a Bahia”.
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