sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Integração: Desenvolvimento sem desigualdades

A força da cachoeira

Integração do Acampamento da Chesf à cidade de Paulo Afonso, mais de cinco anos depois, deve ser entendida e aproveitada como experiência para outra escala de composição territorial. Agora, articulando os espaços urbanos, rurbanos e periurbanos do complexo geoconômico moldado pelas atividades da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco,para transformá-los em Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento, compreendendo municípios da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, vinculados, respectivamente, aos pólos de Paulo Afonso, Petrolândia, Piranhas e Canindé do São Francisco.


Também devem ser levados em conta os procedimentos observados pelo menos em dois outros acampamentos da Chesf, os de Itaparica e Xingó, a fim de não se repetirem erros e se aproveitarem práticas bem sucedidas. O exemplo da Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Pólo Petrolina e Juazeiro deve ser assimilado, através de acompanhamento, desde o processo de sua institucionalização, iniciado com a Lei Complementar nº 113, de 19 de setembro de 2001, que a instituiu, e com o Decreto nº 4366, de 9 de setembro de 2002, que a regulamentou.


A lição não aprendida


Quanto ao Acampamento, chamado a Cidade da Chesf, nascido com o canteiro das obras que são orgulho da engenharia nacional, tão vizinho e tão diverso da Vila Poty, dos migrantes atraídos pelas oportunidades de trabalho, porque ecologicamente planejado, ressalte-se a lição que o Nordeste ainda não aprendeu e precisa, por isso mesmo, ter mais visibilidade na Paulo Afonso modelo rurbanístico a ser aperfeiçoado e atualizado para a microrregião e o semi-árido brasileiro como um todo, expandido a influencia exercida sobre a Vila Poty e seus desdobramentos, na Ilha e fora da Ilha, como é o caso do Bairro Tancredo Neves, com população em torno de 50 mil habitantes.


Quanto à Ride Petrolina e Juazeiro, situada no mesmo vale, o do São Francisco, em que também deverá estar inserida a quarta Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do País, o pólo de fruticultura irrigada poderá servir de roteiro inicial para as providências iniciais e estruturantes da economia do novo conjunto de municípios integrados. Um roteiro a ser percorrido com o apoio da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e iniciativa privada.


A perenização do Vaza Barris


Entre Lagarto/SE e São Domingos/SE


O que já foi feito e pode ainda ser feito dos lados pernambucano, alagoano e sergipano, e o que pode ser acrescentado do lado baiano, incluindo ainda o potencial para a agricultura irrigada de Jeremoabo e municípios vizinhos, a ser beneficiado com a indispensável perenização do Rio Vaza Barris, dão a medida aproximada do previsível salto qualitativo e quantitativo da economia na nova Ride, encravada nos segmentos submédio e baixo do Rio São Francisco. Tudo isso com o impulso da integração.


Se atentar-se para as potencialidades turísticas de Paulo Afonso e seu entorno, na direção do imponente cânion tornado navegável, ao longo dos seus 60 quilômetros, até Piranhas / Canindé, e valorizadas, decisivamente, pela Cachoeira periódica e planejadamente ressuscitada, não será exagero falar-se num Eldorado à vista, com efeitos que mudarão a cara e o destino desse pedaço tropical de um território que une quatro Estados para um desenvolvimento sem desigualdades.


A homogeneidade que favorece


Associação espacial favorecida pela homogeneidade geoeconômica que cria condições para a instituição da Região Administrativa Integrada, categoria federativa dinamicamente pararela a União, Estados e Municípios, conforme o espírito da Constituição de 1988, e também facilita as articulações políticas de governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores em defesa dos interesses comuns da Ride e dos seus municípios.


A importância da instituição da Ride Paulo Afonso, Petrolândia, Piranhas, Canindé do São Francisco não está sendo analisada e defendida como solução para os problemas sociais desse conjunto de municípios na área diretamente influenciada pela Chesf mas como aproveitamento produtivo de múltiplos recursos já identificados, num somatório que se totalizará no desenvolvimento integrado e sustentável. Não se esqueça a piscicultura em ascensão, capaz de engordar, como engorda os peixes em cativeiro, a pauta de exportações de um Nordeste que terá de emancipar-se, sem demora, de assistencialismos imediatistas e facilitadores de artificialismos eleitorais, capaz de resolver com os frutos do desenvolvimento econômico os problemas gerados pelo atraso.


Parafraseando o que disse um ilustre nordestino, José Américo de Almeida, podemos afirmar que pior do que morrer de fome no deserto é padecer de miséria e pobreza em Canaã (Publicado no jornal A Tarde).

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