A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) completou 60 anos de funcionamento no último dia 15 mas a comemoração, em meio a expectativas e interrogações, será hoje (terça), a partir das 8h30, na sua sede, em Recife, no Bongi, com a presença do novo presidente da Eletrobrás, o engenheiro José Antônio Muniz Lopes. Ex-presidente da Chesf, ele deverá confirmar a defesa de uma proposta que já suscita polêmica: reinvestimento dos lucros da empresa na região, em vez de sua devolução ao Tesouro Nacional para o pagamento de juros. Uma posição que assumiu quando presidente da Chesf, mas foi derrotado, e agora reassume, na presidência da holding do setor elétrico, dando a volta por cima.
Em declarações à imprensa, Muniz Lopes afirmou que “as empresas coligadas (como a Chesf) precisam funcionar como agentes de desenvolvimento regional, sempre respeitando o direito dos acionistas”. Foi o que fez na Amazônia, quando dirigiu, a Eletronorte. Num desabafo, ele disse que, “no tempo da Chesf, não pude, mas vamos buscar outros caminhos”. E frisou: “Temos que reinvestir no Nordeste os seus lucros. Ano a ano, veja-se o volume de investimentos que a Chesf faz e o volume de remessas que vão para o tesouro. São recursos retirados do Nordeste”.
Repercussão
As expectativas geradas pelas afirmações do presidente da Eletrobrás, transformada recentemente, por medida provisória, para ser “uma Petrobrás do setor elétrico”, já repercutiram
O fórum homenageará a memória do primeiro presidente da Chesf, Alves de Souza. Tido como um carioca nordestino, ele se bateu, sem sucesso, pela implantação de indústrias na “região próxima a Paulo Afonso”. Entre os argumentos, o de que “a energia
A proposta de desenvolvimento de Alves de Souza, com as devidas atualizações, deverá ser retomada agora, favorecida pela nova política da Eletrobrás na gestão Muniz Lopes, entrosado com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O reinvestimento dos lucros da Chesf poderá começar pela Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Pólo Paulo Afonso (BA), Petrolândia (PE), Piranhas (AL) e Canindé do São Francisco (SE), a ser criada por Lei Complementar, tendo como roteiro de prioridades nas aplicações de recursos o seu Projeto Especial de Desenvolvimento. Tal como aconteceu, no Médio São Francisco, com Juazeiro e Petrolina e os municípios de suas respectivas áreas de influência.
Quem vai mandar na Chesf
O PMDB foi o responsável pela indicação do nome de Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia e também do nome de Muniz Lopes para a presidência da Eletrobrás. Em Furnas, a presidência ficou com o peemedebista Luiz Paulo Conde, a quem foi prometida uma futura diretoria composta de correligionários. Como a Chesf é cada vez mais uma empresa pernambucana, surge o problema: o PMDB faz dura oposição ao governo federal, o que já inviabiliza indicações por parte do senador Jarbas Vasconcelos. Impõe-se então a pergunta: lideranças de quais estados farão as indicações. Isso vale desde o Maranhão até à Bahia. E aí as apostas variam desde gente ligada ao grupo de Lobão até o PMDB cearense de Eunício Oliveira; de Geddel Vieira Lima, na Bahia, ao líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), também responsável pela indicação de Edison Lobão. Sem esquecer um complicador: o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, foi quem indicou o atual presidente Dilton da Conti Oliveira. Com o prestígio que conta no governo Lula, e se tratando de empresa com sede em Recife, ele não vai certamente ficar de braços cruzados. Ou, como dizem os colunistas, “apenas olhando essa festa peemedebista no seu estado”.
Por sinal, a Chesf se encontra numa inédita fase de indefinição, com cargos vagos na diretoria, a começar pela Administrativa, neste caso há mais de um ano. Em 2007, o PR do vice-presidente José Alencar indicou o ex-governador do Ceará, Lúcio Alcântara, para a presidência. Os brios pernambucanos se acenderam e o governador Eduardo Campos se valeu do seu correligionário Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, para vetar a indicação.
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