

Sem desprezar o que se passou, justificativa do evento, muito menos o que está se passando, nosso território da esperança, imitemos os franceses na queda para o que se há de passar, neste 2008 em que comemoramos os 60 anos da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, no seu passado, cheio de realizações, e no seu presente, com o desenho das possibilidades que devem ser construídas.
Mas sobretudo com a visão do futuro que tiveram quatro expressivas personalidades chesfianas: Alves de Souza, merecedor de homenagem especial como carioca nordestino, que sonhou, como “o objetivo principal” da Chesf, “o desenvolvimento do interior dessa região”; Apolônio Sales, nordestino por inteiro, corpo e alma da própria Companhia; Amaury Menezes, outro carioca nordestino, enamorado da caatinga, com sua lição de ecologia, perenizada no Acampamento de Paulo Afonso, que precisa ser retomada; e Marcondes Ferraz, brasileiro universal, empreendedor nato, que continuaria, neste século XXI, tão atualizado como no seu tempo, construindo usinas com a mesma genialidade própria de sua formação identificada com a livre iniciativa.
A primeira homenagem

Apolônio Sales, Amaury Menezes e Marcondes Ferraz serão relembrados em artigos próximos. Fico hoje com Antonio José Alves de Souza, o primeiro presidente da Chesf. Tomo conhecimento da primeira homenagem que será prestada, num gesto espontâneo partido da comunidade com a qual tanto se identificou, deixando aqui plantado o coração. O grupo empresarial W. Pires de Carvalho, que atua no ramo de hotelaria, batizará com o nome de “Engenheiro Alves de Souza” o catamarã recém adquirido para o roteiro turístico entre Paulo Afonso e Xingó, atravessando o cânion do Baixo São Francisco.
E aqui transcrevo episódio relatado por Euclides Batista Filho: “Certa vez, Dr. Souza e Dr. Kerr sobrevoavam de helicóptero o cânion do São Francisco, quando o presidente da Chesf, encantado com a beleza do lugar, solicitou ao piloto Carlos Alberto que pousasse na areia e, apreciando a paisagem silenciosa, disse: ‘Isto aqui deveria se chamar encanta gente’”. Verdade pura. É só conferir, indo até lá, para encantar-se.
E aqui transcrevo episódio relatado por Euclides Batista Filho: “Certa vez, Dr. Souza e Dr. Kerr sobrevoavam de helicóptero o cânion do São Francisco, quando o presidente da Chesf, encantado com a beleza do lugar, solicitou ao piloto Carlos Alberto que pousasse na areia e, apreciando a paisagem silenciosa, disse: ‘Isto aqui deveria se chamar encanta gente’”. Verdade pura. É só conferir, indo até lá, para encantar-se.
Parceria Chesf / Sudene
As idéias de Alves de Souza eram cristalinas como o seu jeito de ser. Ele reconhecia que “a base econômica inicial do sistema de Paulo Afonso é a faixa litorânea do Nordeste e do Leste do Brasil, onde se acham as capitais dos Estados da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas, de Sergipe e da Bahia e cidades importantes”. E destacava: “É a área de maior desenvolvimento econômico e social e de maior densidade demográfica da região, portanto, a que poderia justificar economicamente a inversão de capital exigida pelo empreendimento”.
E ai entrava a advertência que precisa ser repercutida nos 60 anos da Chesf: “Mas o objetivo final, o objetivo principal desse empreendimento deverá ser sempre o desenvolvimento dessa região”. Uma advertência, seguida de outra: “Tal desenvolvimento, entretanto, deverá ser cuidadosamente estudado, principalmente pelos poderes públicos que, em conseqüência de tais estudos, deverão tomar as providências de sua alçada que propiciem e fomentem a ação da iniciativa privada nos vários setores das atividades econômicas que poderão ser criadas e desenvolvidas”.
Segundo os prognósticos de Alves de Souza, “a região próxima a Paulo Afonso poderá ser a sede de importantes indústrias eletroquímicas e eletrometalúrgicas”. Depois de enfatizar a necessidade de criação de “vias de transporte eficientes ligando o litoral, principalmente os portos, àquela área”, o argumento óbvio jamais levado em conta:
“A energia em Paulo Afonso e em sua circunvizinhança será de preço muito baixo, visto como não estará incluído nesse preço a remuneração do vultoso capital representado por linhas de transmissão extensas e de voltagem elevada”.
É fato notório que a Chesf se fortaleceu institucionalmente com a criação da Sudene, sua parceira natural. Agora, com a Sudene recriada e as adequações exigidas por novas realidades, ela poderá incorporar-se a esse processo de desenvolvimento defendido por Alves de Souza. E tendo como seu núcleo a Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Pólo Paulo Afonso (BA), Petrolandia (PE), Piranhas (AL) e Canindé do São Francisco (SE), a ser criada por Lei Complementar.
Tudo isso para uma comemoração do tamanho da Chesf e dos seus 60 anos com visão de futuro.
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