

Jorge Hage (e) e Lomanto Junior
Editorial de A Tarde, publicado em 11 de julho de 2000, com o titulo Idade da Pedra Lascada, atribuiu a mesma idade à “política” praticada “na maioria dos municípios fantasmas do país” e os descreveu como “pequenas localidades, vilas ou povoados sem área exigida por lei para serem emancipadas, sem população suficiente e sem renda própria”.
Repercutia escândalos da época, os mesmos de hoje, e destacava que “verbas dos Estados e da União, do Fundo de Participação, do SUS, do Fundef fazem o enriquecimento ilícito de prefeitos desonestos”, a “exibir uma prosperidade incompatível com o salário do cargo”, ostentada nas “fazendas, mansões, carros novos e no patrimônio que choca as comunidades que os elegeram e que vivem em plena pobreza”.
Os mensalões, sanguessugas, jalecos brancos e similares se encolherão em diminutivos quando o superlativo das roubalheiras municipais somadas for revelado por investigações com principio, meio e fim, e houver empenho para punir a desonestidade institucionalizada. Expedientes protelatórios como os sorteios da Controladoria Geral da União (CGU), ademais premiando com mega-sena de sinais invertidos a gatunagem de alcaides e edis sortudos.
Dizem que o inferno está forrado de boas intenções. Se isso for verdade, o procedimento da CGU fica compreensível. Com boas intenções estava também o movimento municipalista. Favorecido pela Constituição de 1946, equivalente, na opinião de alguns constituintes, à proclamação da República para os municípios, o movimento municipalista prometia o paraíso. Mas não chegou sequer ao purgatório.
Guiado por um clone inexpressívo do poeta Virgilio, o municipalismo só alcançou a porta do inferno, onde prefeitos, ardendo em pecados, podem ler a inscrição que Dante, não o da novela Sete Pecados, mas o da Divina Comédia, imaginou lá existir: “Per me si va nella cittá dolente, / Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate” (Ou, traduzida para a ultima flor do Lácio: “Por mim se vai das dores à morada, / Deixai, ó vós, que entrais, toda a esperança”).
Inscrição evocadora da sentença que os tribunais da terra não proferem. Alcaides e edis seguem, na morada sem dores e com farnel fornido de esperança, se elegendo e reelegendo. Às custas de bolsas de variadas versões e mesmo conteúdo deformador do processo eleitoral, não circunscrito aos pequenos municípios, espraiando-se pelos grandes, sem excluir os metropolitanos, e os demais entes da federação.
Indagado se a condição de repórter é a melhor para o jornalista, Milton Coelho da Graça, profissional de larga e bem sucedida trajetória, respondeu: “É boa condição. Mas é melhor ser pauteiro”. Concordo. E já vou sugerindo aos pauteiros em geral, e aos deste jornal em particular, como se um deles fosse, reportagens investigativas sobre as Prefeituras e Câmaras, incluindo a folha corrida de prefeitos e vereadores, e amplo debate sobre a situação de municípios pequenos, médios e grandes.
Quem sabe a imprensa não cumpra o papel de Beatriz, a musa de Dante, fazendo-se a musa do municipalismo, e atravesse com ele, neste ano de eleições para prefeitos e vereadores, do inferno de hoje, passando pelo purgatório, até o paraíso possível de sua reconstrução. Em favor da CGU, cito Jorge Hage, ex-prefeito de Salvador. Em favor do municipalismo, Lomanto Júnior, ex-governador, que, montado no cavalo “do interior para a capital”, viajou da Prefeitura de Jequié para o Palácio da Aclamação.
Pelo espírito publico de ambos, ponho minha mão no fogo por Hage e Lomanto. E boto fé no municipalismo, a ser reconstruído com o cimento da ética e o associativismo, este expresso nas fusões necessárias, nos consórcios solidários e nas Regiões Administrativas Integradas de Desenvolvimento. Como a da pátria Chesf, no espaço geoeconômico que a geração de energia elétrica moldou com as usinas de Itaparica, Paulo Afonso e Xingó.
Repercutia escândalos da época, os mesmos de hoje, e destacava que “verbas dos Estados e da União, do Fundo de Participação, do SUS, do Fundef fazem o enriquecimento ilícito de prefeitos desonestos”, a “exibir uma prosperidade incompatível com o salário do cargo”, ostentada nas “fazendas, mansões, carros novos e no patrimônio que choca as comunidades que os elegeram e que vivem em plena pobreza”.
Os mensalões, sanguessugas, jalecos brancos e similares se encolherão em diminutivos quando o superlativo das roubalheiras municipais somadas for revelado por investigações com principio, meio e fim, e houver empenho para punir a desonestidade institucionalizada. Expedientes protelatórios como os sorteios da Controladoria Geral da União (CGU), ademais premiando com mega-sena de sinais invertidos a gatunagem de alcaides e edis sortudos.
Dizem que o inferno está forrado de boas intenções. Se isso for verdade, o procedimento da CGU fica compreensível. Com boas intenções estava também o movimento municipalista. Favorecido pela Constituição de 1946, equivalente, na opinião de alguns constituintes, à proclamação da República para os municípios, o movimento municipalista prometia o paraíso. Mas não chegou sequer ao purgatório.
Guiado por um clone inexpressívo do poeta Virgilio, o municipalismo só alcançou a porta do inferno, onde prefeitos, ardendo em pecados, podem ler a inscrição que Dante, não o da novela Sete Pecados, mas o da Divina Comédia, imaginou lá existir: “Per me si va nella cittá dolente, / Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate” (Ou, traduzida para a ultima flor do Lácio: “Por mim se vai das dores à morada, / Deixai, ó vós, que entrais, toda a esperança”).
Inscrição evocadora da sentença que os tribunais da terra não proferem. Alcaides e edis seguem, na morada sem dores e com farnel fornido de esperança, se elegendo e reelegendo. Às custas de bolsas de variadas versões e mesmo conteúdo deformador do processo eleitoral, não circunscrito aos pequenos municípios, espraiando-se pelos grandes, sem excluir os metropolitanos, e os demais entes da federação.
Indagado se a condição de repórter é a melhor para o jornalista, Milton Coelho da Graça, profissional de larga e bem sucedida trajetória, respondeu: “É boa condição. Mas é melhor ser pauteiro”. Concordo. E já vou sugerindo aos pauteiros em geral, e aos deste jornal em particular, como se um deles fosse, reportagens investigativas sobre as Prefeituras e Câmaras, incluindo a folha corrida de prefeitos e vereadores, e amplo debate sobre a situação de municípios pequenos, médios e grandes.
Quem sabe a imprensa não cumpra o papel de Beatriz, a musa de Dante, fazendo-se a musa do municipalismo, e atravesse com ele, neste ano de eleições para prefeitos e vereadores, do inferno de hoje, passando pelo purgatório, até o paraíso possível de sua reconstrução. Em favor da CGU, cito Jorge Hage, ex-prefeito de Salvador. Em favor do municipalismo, Lomanto Júnior, ex-governador, que, montado no cavalo “do interior para a capital”, viajou da Prefeitura de Jequié para o Palácio da Aclamação.
Pelo espírito publico de ambos, ponho minha mão no fogo por Hage e Lomanto. E boto fé no municipalismo, a ser reconstruído com o cimento da ética e o associativismo, este expresso nas fusões necessárias, nos consórcios solidários e nas Regiões Administrativas Integradas de Desenvolvimento. Como a da pátria Chesf, no espaço geoeconômico que a geração de energia elétrica moldou com as usinas de Itaparica, Paulo Afonso e Xingó.
(Este texto foi escrito para a página de Opinão, do jornal A Tarde)
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