
“Ando meio quieto por estes tempos”, condescende o ex-ministro Ciro Gomes, em carta à atriz da Globo Letícia Sabatella, que se solidarizou com o bispo D. Luiz Flávio Cappio e com sua luta contra a transposição das águas do Rio São Francisco.
Se, por um lado, nessa declaração está implícita ameaça a quem seja contrário ao projeto, como quem diz “estou quieto”, mas “posso ficar bravo”, por outro, nela transparece a atitude de quem se considera dono do pedaço, pelo menos aquele ocupado pelo elenco feminino da Vênus Platinada.
O jornal O Globo foi quem publicou a carta/artigo, não sendo difícil descobrir quem foi a portadora. Inaldo Sampaio abriu sua coluna Pinga-Fogo, do Jornal do Commercio de Recife (Pernambuco), edição de 23/12/2007, com “Carta de Ciro à atriz da Globo”, resumindo as declarações do ex-governador cearense.
Se, por um lado, nessa declaração está implícita ameaça a quem seja contrário ao projeto, como quem diz “estou quieto”, mas “posso ficar bravo”, por outro, nela transparece a atitude de quem se considera dono do pedaço, pelo menos aquele ocupado pelo elenco feminino da Vênus Platinada.
O jornal O Globo foi quem publicou a carta/artigo, não sendo difícil descobrir quem foi a portadora. Inaldo Sampaio abriu sua coluna Pinga-Fogo, do Jornal do Commercio de Recife (Pernambuco), edição de 23/12/2007, com “Carta de Ciro à atriz da Globo”, resumindo as declarações do ex-governador cearense.
O estilo é o homem
Antes de transcrever parte da resposta de Letícia, algumas considerações:
1 - Naquele estilo collorido próprio de arrogância e egolatria, comprovando que “quem nasce Ciro Gomes morre Ciro Gomes”, o ex-ministro da (Des)Integração disse: “...o bispo não tem o direito de fazer a nação refém de sua ameaça de suicídio (...). Imagine-se um bispo a favor do projeto resolver entrar em greve de fome exigindo pronta realização do projeto. Quem nós escolheríamos para morrer?”
1.1 - O senador Fernando Collor de Mello, campeão de faltas, não faria a mesma pergunta em outro tom.
2 – O Governo Lula, que conseguiu prejudicar a imagem de instituições como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Correios, inverte o destino do São Francisco como “o rio da unidade nacional”, para fazê-lo o rio da discórdia regional.
3 – O mesmo JC, que acolheu a carta global em sua coluna líder e abraçou a causa da transposição, se multiplicou em outras demonstrações de afinidade com o Coronel Lula e o Imperador Geddel Bonaparte: a) editorial A greve Insensata; b) reportagem de Ângela Belfort “Transposição: Só reclama quem não precisa de água. Polêmica é alimentada por Bahia, Alagoas e Sergipe, Estados banhados pelo São Francisco” (Parece que virou pecado ser ribeirinho de origem); c) O Debate que Interessa Agora, comentário de Saulo Moreira (Trocando em Miúdos).
4 – O falecido senador Antonio Carlos Magalhães estava certo quando saudou o pernambucano João Carlos Paes Mendonça, presidente do Sistema JC de Comunicação, na inauguração, na capital baiana, do Shopping Salvador. Agora, por conseqüência, em vez do “orgulho de ser nordestino” o “orgulho de ser pernambucano”, embora também sergipano para efeito restrito em Moita Bonita / Ribeirópolis e no espaço, aliás nobre, da Fundação Pedro Paes Mendonça.
5 – Ao contrário do que, sem conhecimento de causa, proclama, colloridamente, a autora da reportagem sobre transposição, os baianos, alagoanos e sergipanos que reclamam do projeto megalomaníaco padecem da falta de água às margens do rio. Sugerimos que a repórter Ângela se desloque até o Baixo São Francisco para comprovar que o que não faltam são comunidades sem água encanada do São Francisco e rios morrendo como o Vaza Barrís, e projetos parados como o Jusante, o Canal do Sertão e outros relativos ao Assentamento de Itaparica, com lotes irrigados, prometidos para estarem produzindo desde julho de 1988 e, no próximo ano, quando as obras de transposição do São Francisco deverão ser aceleradas, completarão 20 anos como promessas não cumpridas, nesses tempos oficiais de confessadas metamorfoses ambulantes.
A Resposta
Respondendo ao ex-ministro da Integração, deputado Ciro Gomes (PSB-CE), a atriz Letícia Sabatella declarou: “Acredito que devam existir benefícios com a transposição, mas pergunto, deputado, quem realmente se beneficiará com esta obra: o povo necessitado do Semi-Árido ou as grandes irrigações agrícolas e indústrias siderúrgicas?”. Ela se colocou em defesa do bispo Luiz Flávio Cappio e do seu gesto – a greve de fome que durou 24 dias em protesto contra o plano do governo. Letícia criticou Ciro Gomes, que lhe havia sugerido que fosse até o religioso e a ele rogasse suspensão do “seu ato unilateral”.
Segundo Letícia, o ex-ministro não agiu com justiça quando não reconheceu na ação de dom Luiz “uma profunda nobreza”. A atriz confessou: “Sinto muito que o senhor ainda insista em desqualificá-lo”.
Ela disse ainda: “Espero que esse debate traga maior visibilidade à atuação dos movimentos sociais que lutam pela solução mais adequada para o São Francisco”.
CAPPIO DIZ QUE LULA ESTÁ MORTO
1 - Naquele estilo collorido próprio de arrogância e egolatria, comprovando que “quem nasce Ciro Gomes morre Ciro Gomes”, o ex-ministro da (Des)Integração disse: “...o bispo não tem o direito de fazer a nação refém de sua ameaça de suicídio (...). Imagine-se um bispo a favor do projeto resolver entrar em greve de fome exigindo pronta realização do projeto. Quem nós escolheríamos para morrer?”
1.1 - O senador Fernando Collor de Mello, campeão de faltas, não faria a mesma pergunta em outro tom.
2 – O Governo Lula, que conseguiu prejudicar a imagem de instituições como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Correios, inverte o destino do São Francisco como “o rio da unidade nacional”, para fazê-lo o rio da discórdia regional.
3 – O mesmo JC, que acolheu a carta global em sua coluna líder e abraçou a causa da transposição, se multiplicou em outras demonstrações de afinidade com o Coronel Lula e o Imperador Geddel Bonaparte: a) editorial A greve Insensata; b) reportagem de Ângela Belfort “Transposição: Só reclama quem não precisa de água. Polêmica é alimentada por Bahia, Alagoas e Sergipe, Estados banhados pelo São Francisco” (Parece que virou pecado ser ribeirinho de origem); c) O Debate que Interessa Agora, comentário de Saulo Moreira (Trocando em Miúdos).
4 – O falecido senador Antonio Carlos Magalhães estava certo quando saudou o pernambucano João Carlos Paes Mendonça, presidente do Sistema JC de Comunicação, na inauguração, na capital baiana, do Shopping Salvador. Agora, por conseqüência, em vez do “orgulho de ser nordestino” o “orgulho de ser pernambucano”, embora também sergipano para efeito restrito em Moita Bonita / Ribeirópolis e no espaço, aliás nobre, da Fundação Pedro Paes Mendonça.
5 – Ao contrário do que, sem conhecimento de causa, proclama, colloridamente, a autora da reportagem sobre transposição, os baianos, alagoanos e sergipanos que reclamam do projeto megalomaníaco padecem da falta de água às margens do rio. Sugerimos que a repórter Ângela se desloque até o Baixo São Francisco para comprovar que o que não faltam são comunidades sem água encanada do São Francisco e rios morrendo como o Vaza Barrís, e projetos parados como o Jusante, o Canal do Sertão e outros relativos ao Assentamento de Itaparica, com lotes irrigados, prometidos para estarem produzindo desde julho de 1988 e, no próximo ano, quando as obras de transposição do São Francisco deverão ser aceleradas, completarão 20 anos como promessas não cumpridas, nesses tempos oficiais de confessadas metamorfoses ambulantes.
A Resposta
Respondendo ao ex-ministro da Integração, deputado Ciro Gomes (PSB-CE), a atriz Letícia Sabatella declarou: “Acredito que devam existir benefícios com a transposição, mas pergunto, deputado, quem realmente se beneficiará com esta obra: o povo necessitado do Semi-Árido ou as grandes irrigações agrícolas e indústrias siderúrgicas?”. Ela se colocou em defesa do bispo Luiz Flávio Cappio e do seu gesto – a greve de fome que durou 24 dias em protesto contra o plano do governo. Letícia criticou Ciro Gomes, que lhe havia sugerido que fosse até o religioso e a ele rogasse suspensão do “seu ato unilateral”.
Segundo Letícia, o ex-ministro não agiu com justiça quando não reconheceu na ação de dom Luiz “uma profunda nobreza”. A atriz confessou: “Sinto muito que o senhor ainda insista em desqualificá-lo”.
Ela disse ainda: “Espero que esse debate traga maior visibilidade à atuação dos movimentos sociais que lutam pela solução mais adequada para o São Francisco”.
CAPPIO DIZ QUE LULA ESTÁ MORTO
O bispo d. Luiz Flávio Cappio não poupou críticas ao governo em sua primeira entrevista coletiva concedida em Barra, município baiano para onde retornou após encerrado o jejum de 24 dias em Sobradinho. Cappio disse que, para ele, "Lula morreu", restando apenas o presidente Inácio da Silva. "Não vou chamá-lo de Luiz porque meu nome é Luiz e eu não me sentiria bem."
Cappio também fez duas críticas ao governo do Estado, chamando o governador Jacques Wagner de "menino de recado" do presidente. "Tanto por parte do governador como da bancada petista, eu vi o mesmo gesto de Poncio Pilatos diante de Jesus, lavando as mãos", disse o religioso.
O ministro da integração Nacional, Geddel Vieira Lima, também não escapou das críticas. "Eu gostaria de alertar o presidente que ele tenha mais cuidado na escolha dos seus ministros, pois para uma pasta tão importante é preciso colocar um homem idôneo, capaz, conseqüente. Pelo menos um homem educado, de trato, que saiba se relacionar com a nação."
Geddel reagiu com tranquilidade, dizendo que pretende chamar dom Cappio para dar sua contribuição ao projeto de transposição. Em nota de sua assessoria de imprensa, Wagner disse que desde a campanha eleitoral deixou claro sua posição favorável à transposição.
O bispo disse não haver ainda um conhecimento nacional a respeito da transposição do São Francisco. Citou a CPMF, amplamente discutida, como algo dentro da pauta nacional. Para ele, a polêmica envolvendo a transposição ainda é entendido como algo regional.
"Em 2008 já está sendo preparada uma grande agenda nacional e internacional, com um grande fórum de debates em Sobradinho, o palco dessa luta. Neste domingo recebi um convite do senador Suplicy para um debate no Senado Federal. Esse gesto (o jejum) foi o chute pra gol que bateu na trave. E eu sou apenas um jogador nesse time".
EMANUELLA SOMBRA, DO A TARDE
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