quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O objetivo deste blog está no título

O título Integração, deste blog, é o indicativo óbvio da finalidade para a qual foi criado e está sendo construído, a partir do território do que chamei a Pátria Chesf, em artigo escrito para o jornal A Tarde (edição de 13/11/2007).
Mas o seu núcleo, a idéia da Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento dos Pólos Paulo Afonso (BA), Petrolândia(PE), Piranhas (AL) e Canindé do São Francisco (SE), tem condicionantes políticas que lhe são desfavoráveis.
Não chegou a hora de analisa-las. Antes, apresentarei alguns painéis em torno das lutas pelo poder em Paulo Afonso e circunvizinhanças. Valendo-me, às vezes, como nesta postagem, de textos publicados na imprensa, como o que saiu em A Tarde (27/9/1994), “Em Paulo Afonso, a Eleição tem o ‘Inferno’ e o ‘Paraíso’.”, em dois capítulos.

EM PAULO AFONSO, A ELEIÇÃO TEM O “INFERNO” E O “PARAÍSO” – (1)


Paulo Afonso (Texto de Clementino Heitor de Carvalho, correspondente) - A poucos dias das eleições, já se pode afirmar que esta foi a campanha mais tranqüila em Paulo Afonso e na região. Nada de surpreendente aconteceu até agora. Quanto à sucessão estadual, nota-se ofensiva bem maior da coligação “A Vitória que a Bahia Quer”, acoplada ao nome de Fernando Henrique para presidente. Tudo indica que as oposições esperam que aconteça o segundo turno para apostarem suas fichas no candidato que enfrentará Paulo Souto. Afora isso, as trocas de acusações entre os que disputam vagas na Assembléia Legislativa e Câmara Federal.
Nesse quadro pouco movimentado, o folheto com o título “Duas Maneiras de Organizar o Brasil” conseguiu obter alguma repercussão e não foi bem recebido por boa parte dos católicos da cidade. Supostamente inspirado no livro “Democratizar: Superar a Exclusão Social”, da CNBB, o documento vem sendo distribuído e comentado pelos que se filiam à Teologia da Libertação. Nele, as eleições são transformadas num verdadeiro juízo final, com benditos e malditos.
O maniqueísmo levado às últimas conseqüências reserva o céu para os que apóiam o Projeto Socialista (sic), ou Popular, e garante lugar no inferno para os que apóiam o Projeto Capitalista (sic), ou Neoliberal. Os partidos condenados ao fogo eterno são o PFL, PSDB (excetuada a seção baiana), PMDB, PDC, PL e outros. Os premiados com o paraíso, PT, PV, PSB, PPS e PC do B (quem diria?). As duas alas, a do pecado e a das bem-aventuranças, são encabeçadas, respectivamente, por Fernando Henrique e Lula.
Para desgosto dos que fizeram julgamento tão sumário, apegados aos velhos conceitos de direita e esquerda, no Evangelho de São Mateus os sinais estão trocados: “Então o rei dirá aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos do meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo;...” “Então dirá também aos que estiverem à esquerda: apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e para os seus anjos;...”
Aliás, pelo menos tomados ao pé-da-letra, os textos bíblicos não ajudam esses teólogos do lulismo na condenação ao concorrente tucano. Basta que se leia o capítulo 38, do Eclesiástico, e a referência aos que “não se assentarão na cadeira do juiz”, embora sem eles (carpinteiros, ferreiros, oleiros,...), que também “não entrarão nas assembléias”, não se possa edificar uma cidade (ainda segundo a Bíblia).

A REALIDADE

Bem ao contrário desse falso cenário de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, o eleitor se define, em Paulo Afonso, por motivações mais prosaicas, na zona urbana ou no meio rural, pisando sempre no chão de sua realidade imediata, que é diferente do palco surrealista para o qual está sendo convidado, a fim de desempenhar um papel que não entende.
Dois agrupamentos políticos mais homogêneos se defrontam. São o do PFL, liderado pelo ex-prefeito Luiz Barbosa de Deus, e o do PT, centrado no sindicalismo, e tendo por estrelas o eletricitário Paulo Rangel e o deputado federal Alcides Modesto, ex-padre. No arraial da oposição, o cutismo empanou um pouco o brilho de outra estrela, o ex-prefeito José Ivaldo, e mal deixou pequeno espaço para Gerson Campeão, vereador do PSB.
Espremido entre essas correntes polarizadas, o deputado estadual Mário Negromonte, tucano, disputa uma faixa do eleitorado que não tem divisa visível com a do PFL. Aqui, o PSDB é uma sigla referencial para os remanescentes de facção que já foi majoritária, a do falecido Adauto Pereira. E suas bases nada têm a ver com social-democracia. Por isso mesmo, vão sendo comidas pelo pefelismo, ora detendo a prefeitura e os espaços do poder político estadual. O patriarca é Dionísio Pereira, ex-prefeito de Glória, e um bem humorado proprietário de terras que jamais votaria em Lula para presidente (No capítulo 2, Os Candidatos).


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