terça-feira, 23 de outubro de 2007

Jesus Cristo x Nietzsche, um diálogo possível?



“Daquilo que sabes conhecer e medir, é preciso que te despeças; pelo menos por um tempo (O grifo é nosso). Somente depois de teres deixado a cidade verás a que altura suas torres se elevam acima das casas”.

O tempo já transcorrido de minha saída da cidade me permitiu ver não apenas a altura das torres. Vi também o que está dentro delas. Nietzsche não fez só uma frase, disse uma verdade.

As torres estão mais acima das casas do que imaginava mas o espanto mesmo foi com o que elas guardavam das baixezas de casas públicas e privadas, destas escorrendo para as ruas.

Concluo: o que sabia conhecer não sabia e portanto não soube medir o que pensava conhecer.

Por falar em verdade, convém atentar para a advertência que Nietzsche faz no prólogo de Ecce Homo, sobre o “quanto de verdade suporta” e o “quanto de verdade ousa um espírito”. Para o autor de “Assim Falou Zaratustra”, esse suportar e esse ousar são “o autêntico medidor de valor”.

Quem sabe não esteja embutido nesse cuidado em não superestimar a capacidade de um espírito para a ousadia do confronto com a verdade algo parecido a compaixão, sentimento de piedade dos cristãos que ele despreza?

O Nietzsche do super homem, oposto dos “pobres de espírito” de Jesus Cristo. Entre os muitos desafios que me impus, e foram sendo esquecidos no caminho, está o de simular um diálogo entre Jesus Cristo e Nietzsche sobre a verdade e a capacidade de cada um suportar e ousar a vertigem de avançar até o fim humano do esforço para decifrar o enigma do homem.



Se e conseguir, além da simulação deste diálogo, outro produzido no confronto do idealismo de Che Guevara e Olga Benário Prestes com o socialismo pós Muro de Berlim, e “A Crônica de Minha Aldeia” já nas bancas e livrarias, viverei com o “satisfeito cheio”, como diz o nosso povo.

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